quarta-feira, 14 de março de 2012

Novo ministro do Desenvolvimento Agrário assume em clima de insatisfação no campo

Brasília - Ao assumir hoje (14) o Ministério do Desenvolvimento
Agrário, o deputado Pepe Vargas (PT-RS) encontrará um cenáriomuito
mais tenso no campo do que o encontrado pelo seu antecessor, Afonso
Florence (PT-BA), no início do governo da presidenta Dilma Rousseff.
Irritados com o que consideram "lentidão" e "falta de compromisso" do
governo com a questão agrária, os movimentos de trabalhadores rurais
tomaram a decisão de se unificarem na jornada de lutas e prometem um
Abril Vermelho muito mais vigoroso.
"Como a pauta agrária no início do governo Dilma não avançou, as
desapropriações foram vergonhosas, pior índice dos últimos 16 anos,
isso gera uma coisa conflituosa", analisou um dos coordenadores
nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Alexandre Conceição. "Este ano será um ano atípico na luta no campo
que será muito mais forte, sem dúvida", afirmou.
O Abril Vermelho consiste em uma série de manifestações e ocupações
feitas anualmente pelo MST para lembrar o massacre de Eldorado dos
Carajás, ocorridoem 7 de abril de 1996 no Pará, e pedir agilidade na
reforma agrária. O MST esteve engajado na campanha da presidenta Dilma
Rousseff e, em abril do ano passado, de acordo com Conceição, a
relação com o novo governo ainda se definia. "Como na campanha ela
assumiu o compromisso de dar continuidade ao governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, nós entendemos que seria dar continuidade
às desapropriações", destacou.
No entanto, ao final de um ano de governo,de acordo com dados do MST,
somente 22 mil famílias foram assentadas. Só do MST, há cerca de 100
mil famílias esperando pelas desapropriações de terra.
"O governo ficou paralisado na desapropriação de terras. Houve o corte
noorçamento, a demora em nomear o presidente do Incra [Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária]. A presidenta assinou um
único decreto de desapropriação em dezembro. A burocracia do governo é
que gerou esse descontentamento no campo, tanto é que nós, do campo,
já fizemos o lançamento público e um chamado de vários movimentos do
campo para uma luta conjunta. Já houve a mobilização das mulheres do
MST, marcando o dia 8 de março, e, ontem, nos estados do Sul, foram
paralisadas várias agências do Banco do Brasil", destacou Conceição.
No início deste mês, as mulheres camponesas comemoraram o Dia
Internacional da Mulher com várias atividades que incluíram
manifestações emrodovias, ocupações de fazendas e de órgãos públicos
em todo país.
As ocupações das agências do Banco do Brasil , realizadas ontem (13)
em vários municípios do Paraná, de acordo com o movimento, têm por
objetivo demonstrar ao governo que as linhas de créditos destinadas à
agricultura familiar não estão sendo suficientes e as condições de
juros epagamento não atendem às necessidades da população do campo.
"As famílias estão endividadas por conta do sistema criado no início
do governo e estamos chamando o governo a reeditar essa medida e isso
vai criando um caldo deluta social que está muito mais tensa",
destacou o coordenador.
Entre as organizações que irão se mobilizarpara participar da luta
conjunta por melhorias no campo estão a Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Federação dos Trabalhares da
Agricultura Familiar (Fetraf), o MST e a Via Campesina.
Fonte:Agência Brasil

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