quinta-feira, 15 de março de 2012

Falta de estratégia nacional contribui para processo de desindustrialização do país, diz Ipea

Rio de Janeiro – A falta de uma estratégia nacional de desenvolvimento
está contribuindo para acabar com o setor industrial do país,
sobretudo, o da indústria de transformação. A conclusão consta do
boletim Conjuntura em Foco , divulgado hoje (15) pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O instituto aponta que a falta de
uma estratégia para o setor e de investimento em infraestrutura
acentua o processo atualde desindustrialização precoce no Brasil.
De acordo com o coordenador do estudo, Roberto Messenberg, a falta de
dinamismo e competitividade industrial está favorecendo o crescimento
do peso relativo de serviços de má qualidade no Brasil e criando uma
economia ruim.
"Acho que o governo está lidando com alguns aspectos do problema de
maneira muito pontual, com efeitos de curto prazo. O setor público
precisa organizar o processo de investimentos da economia. Em alguns
setores, ele mesmo pode investir, em outros, fazer a concessão,
criaras normas de exploração. Enfim, ele precisade uma estratégia.
Está faltando esse processo de socialização da decisão de
investimento".
Algumas saídas, segundo Messenberg, seriam não deixar que o câmbio
aprecie mais, manter a trajetória da taxa de juros em permanente
queda, aumentar o ritmo da taxa de investimento, reduzir as estruturas
de custos para o setor e buscar um modelo de desenvolvimento
sustentável.
O estudo, que utilizou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), chama a atenção para a forte queda na produção da
indústria de transformação. Um dos gráficos mostra que, entre 2008 e
2011, enquanto o setor financeiro cresceu 23,1%, a extração mineral
cresceu 12,8% eo desempenho da indústria de transformação caiu 5,7%.
O boletim ressalta o fato de o consumo interno estar sendo cada vez
mais suprido por produtos manufaturados. Reflexo disso seria a
diminuição gradual da população ocupada na indústria, que representava
17,7% da população ocupadaem 2004 e que caiu para 16,5% em 2001. O
Ipea também ressalta que o déficit da balança comercial de produtos
manufaturados, entre janeiro de 2011 e janeiro de 2012, ficou em US$
94,3 bilhões.
"Enquanto discutimos ideias, países como os Estados Unidos já estão
testando alternativas sustentáveis de desenvolvimento, como no setor
energético, por exemplo. É preciso agir, antes que façam uma
verdadeira queimadada indústria brasileira", concluiu Messemberg.
Fonte:Agência Brasil

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