quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"Estarrecida" com gravações, Dilma diz que anistia a PMs criará "país sem regras"

Brasília - Na primeira declaração sobre a greve de policiais militares
da Bahia, que entrou hoje (9) no décimo dia, a presidentaDilma
Rousseff disse que respeita as reivindicações da corporação, mas não
concorda com anistia para policiais que cometeram crimes durante a
paralisação. Ela foi incisiva ao dizer que "crimes contra o
patrimônio, contra as pessoas e contra a ordem pública não podem ser
anistiados. Se anistiar, vira um país sem regras".
"Não consideramos que seja correto instaurar o pânico, instaurar o
medo, criar situações que não são aquelas compatíveiscom uma
democracia. Eu não considero que o aumento de homicídios na rua,
queima de ônibus, entrar encapuzados em ônibus, seja a forma correta
de conduzir o movimento." A presidenta disse que ficou"estarrecida"
com as gravações telefônicas divulgadas ontem (8), pela TV, que
revelam conversas de líderes dos policiais e bombeiros baianos no
sentido de radicalizar o movimento, estendendo-o, inclusive, para
outros estados.
As declarações da presidenta foram dadas durante visita a obras da
Ferrovia Transnordestina, no município pernambucano de Parnamirim.
Dilma disse que respeita "democraticamente os movimentos e suas
reivindicações", mas não considera admissível anistiar quem comete
crimes durante uma greve, caso de alguns policiais militares baianos
que estão sendo acusados de formação de quadrilha, incitação ao crime
e depredação de patrimônio público, entre outros delitos.
"Vai chegar um momento em que vão anistiar antes do processo grevista
começar. Eu não concordo com isso. Por reivindicação, eu não acho que
as pessoas têm de ser presas, nem condenadas. Agora,por atos ilícitos,
por crimes contra o patrimônio, crimes contra as pessoas e crimes
contra a ordem pública, não podem ser anistiados. Se você anistiar, aí
vira um país sem regra".
A presidenta disse que as forças federais, como o Exército e a Força
Nacional, estão à disposição para dar suporte aos governos estaduais
sempre que forem solicitadas.
Sobre o direito de greve para as polícias, Dilma disse apenas que
"essa é uma questão que tem de ser debatida no Brasil". Ontem (7), o
ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto
Carvalho, negou que o governo esteja desengavetando o projeto que cria
regras para greves de servidores públicos, a chamada Lei de Greve, por
causa da atual onda de paralisações e ameaças de policiais militares.
A proposta prevê, por exemplo, que o governo seja avisado com
antecedência mínima de 72 horas sobre paralisação de atividades
"inadiáveis de interesse público".
Dilma está desde ontem (7) em viagem peloNordeste para vistoriar as
duas maiores obras de infraestrutura da região: a transposição do Rio
São Francisco e a Ferrovia Transnordestina. Com 1,7 mil quilômetros, a
ferrovia vai ligar o interior do Nordeste aos portos de Pecém (CE) e
Suape (PE). Na visita de hoje, a presidenta cobrou a conclusão da obra
até 2014 e disse que o governo não pretende elevar os custos do
projeto para muito além dos atuais R$5,4 bilhões previstos. "Nós não
pretendemos ficar elevando indefinidamente o preço dessa ferrovia. A
gente sabe que uma ferrovia desse tamanho e dessa dimensão tem sempre
coisas não planejadas que ocorrem. Mas temos, hoje, uma certeza de que
os nossos orçamentos estão bem próximos da realidade".
Fonte:ABR

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