Rio de Janeiro – A Caixa Econômica Federal firmou com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) uma parceria para oferecer microcrédito e educação financeira para cerca de 5 mil micro e pequenos empreendedores das favelas da Rocinha, do Vidigal e Chácara do Céu, na zona sul do Rio, recentemente ocupadas pelas forças de segurança pública.
No âmbito do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, serão contratados e treinados, a partir de janeiro, 20 jovens moradores das três comunidades para orientar e tirar dúvidas sobre microcrédito, cujos valores variam de R$ 250 a R$ 15 mil, com taxas de juros de 0,64% ao mês e prazo de pagamento de até 24 meses.
“O Estado tem que entrar de uma maneira forte e dar opções de emprego e de renda para essa população. Esse é um programa muito mais de geração de renda do que de emprego. O emprego será gerado no futuro no momento em que esses empreendedores crescerem. Não podemos perenizar a transferência de renda, precisamos que as pessoas agora deem o segundo passo, que possam crescer e gerar empregos”, disse o gerente de Programas Sociais da Caixa, Paulo Zunino.
A representante do MDS Milena Vieira esclareceu que, embora o programa esteja aberto para qualquer tipo de empreendedor, nas três favelas cariocas terá como alvo moradores entre 18 e 29 anos com renda familiar per capita de R$ 70 por mês.
“O que buscamos é que esse crédito chegue àquele que está na linha da extrema pobreza, que são cerca de 16 milhões de brasileiros, e que essa atividade gere sustentabilidade e renda para a família. Os jovens agentes vão até o cliente e orientam a pessoa sobre como iniciar o próprio negócio, mesmo que de maneira informal, seja um bazar, manicure, trabalho manual”, disse Milena Vieira.
A Diretora do Centro de Empreendedorismo do Núcleo de Inclusão Produtiva da prefeitura do Rio de Janeiro, Elenita Villa Coutinho, que promove cursos para trabalhadores autônomos, acredita que a iniciativa deve atrair muita gente. “Em janeiro, já temos 140 inscritos para o curso de empreendedores. A maioria tem alguma atividade, pequenos salões de beleza, de artesanato, e muitos querem aprender a forma de ampliar o negócio. É aí que entra o papel do microcrédito, que possibilita capital de giro, reserva, mais investimentos e serviços de maior qualidade”.
Por enquanto, vendedores ambulantes que atuam nas vias de acesso à Rocinha veem com desconfiança a ideia de pedir empréstimo. A maioria desconhece o programa de microcrédito e nunca pensou em ampliar ou formalizar os negócios por meio de financiamentos. Joana Santos, de 32 anos, que sempre morou na favela, vende sanduíches e café em frente a um ponto de ônibus. Ela sonha em ter uma loja, mas não pensa em pedir empréstimo. “Hoje eu consigo o sustento que preciso. Quem sabe, no futuro?”
O programa Microcrédito Produtivo Orientado, criado em agosto pelo governo federal, já chegou a 35 comunidades em todo o Brasil, com cerca de 1,5 mil jovens treinados.
Edição: Vinicius Doria
Fonte:Agência Brasil
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